Asma

No Dia Mundial da Asma, assinalado a 4 de maio, o Dr. A. Sousa Barros, especialista em Pneumologia do Hospital de São Francisco do Porto indica-lhe as principais manifestações da doença e tratamentos.

A Asma Brônquica, existindo instituído pela Organização Mundial de Saúde um Dia Mundial da Asma justifica estarmos alertados para ela, nas nossas vivências diárias.

O que é?

A Asma Brônquica é uma doença do aparelho respiratório provocada por reação inflamatória das vias aéreas inferiores, os brônquios, órgãos tubulares por onde circula o ar que respiramos, que leva a que o seu calibre se torne mais estreito.

Esta reatividade inflamatória, em grande parte dos casos, está relacionada com a hipersensibilidade/alergia a substâncias presentes no ar (pó, poeiras, vapores, fumos), seja no ambiente em geral, no ambiente doméstico ou em ambiente laboral.

Como se manifesta?

A Asma Brônquica, que em Portugal se estima afetar cerca de 7% da população, provoca sintomas respiratórios ocasionados pela inflamação/reatividade brônquica: tosse, dispneia (falta de ar, dificuldade em respirar), por vezes com pieira (chiadeira respiratória), sensação de aperto torácico; com frequência, também existem sintomas do aparelho respiratório superior: obstrução nasal, comichão, espirros e corrimento nasal.

Estas manifestações podem ocorrer ainda na primeira infância, desencadeadas pelo esforço (correr, saltar), pelo riso (ou pelo choro) ou acompanhando uma infeção respiratória.

Como se diagnostica?

A Asma Brônquica deverá ser uma doença a descartar quando presentes sinais/sintomas referidos.

A história clínica colhida, com o próprio ou com quem o acompanha, nomeadamente a procura de circunstâncias em que eles ocorrem, logo nos coloca como hipótese a Asma Brônquica.

Para concluir pela sua existência, além do exame médico minucioso, será avisado realizar-se um estudo da função respiratória, por uma espirometria simples ou um exame funcional respiratório mais elaborado e completo, que revelará alterações da capacidade respiratória.

A fim de descartar causa alérgica pode ser necessário efetuar testes cutâneos e/ou exames analíticos do sangue (estes podem complementar o despiste de outras eventuais anomalias), à procura de alergias a pó da casa, a ácaros, a pólens, a fungos ou a outros.

Como se trata?

A Asma Brônquica tem tratamento médico, com o objetivo de controlar/minorar as alterações inflamatórias que a provocam, devidamente orientado ao nível da Medicina Geral e Familiar, da Pediatria, da Imunoalergologia ou da Pneumologia, de acordo com cada situação.

Esta terapêutica usa medicamentos anti-inflamatórios e broncodilatadores através de inalação, para que possam produzir os seus efeitos ao nível pretendido, nas vias aéreas inferiores. Com frequência, associam-se medicamentos orais, com efeitos anti-inflamatórios ou antialérgicos. Havendo sintomas nasais associados, poderão ser necessários medicamentos para uso tópico no nariz.

Detetada uma causa alérgica, deve evitar-se o contacto direto com a substância em causa – em particular se pó da casa/ácaros ou pólens. Em certos casos, poderá ser indicada Imunoterapia Específica (as vulgarmente chamadas “vacinas”), oral ou injetável, que induz tolerância a essas substâncias.

Em raros casos mais graves em que estas atitudes não são completamente eficazes, há uma abordagem terapêutica recente, com medicamentos biológicos.

Como evolui?

A Asma Brônquica, como doença respiratória crónica que é, não tem cura, mas, na grande maioria dos casos, é possível controlar as suas manifestações sintomáticas.

Com cumprimento rigoroso do tratamento adequado pode ser possível a inexistência de sintomas por períodos longos. Obviamente, quanto mais precoce for o diagnóstico da Asma Brônquica e mais ajustado e completo seja o seu tratamento, mais fácil e expectável será obter este resultado.

Caso contrário, a Asma Brônquica poderá vir a transformar-se numa doença respiratória de carácter permanente e evolutiva, levando a alterações definitivas morfológicas/estruturais do aparelho respiratório, até casos de insuficiência respiratória mais ou menos grave, com necessidade de tratamentos permanentes por toda a vida.


Artigo redigido pelo Dr. A. Sousa Barros,
especialista em Pneumologia do Hospital de São Francisco do Porto

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