Consulta de Medicina do Viajante
A consulta do viajante consiste no aconselhamento de medidas preventivas a adotar antes, durante e depois da viagem. São avaliadas as características da viagem (intervalo de tempo até ao início da viagem, destino, ambiente rural ou urbano e objetivo da viagem) e intercetadas com as particularidades do viajante (idade, estado de saúde).
O que é?
A consulta do viajante consiste no aconselhamento de medidas preventivas a adotar antes, durante e depois da viagem. São avaliadas as características da viagem (intervalo de tempo até ao início da viagem, destino, ambiente rural ou urbano e objetivo da viagem) e intercetadas com as particularidades do viajante (idade, estado de saúde). O foco individualizado é definido através de medidas de proteção individual, nomeadamente, vacinação, medicação preventiva da malária, recomendações para a proteção da picada de insetos e discussão dos principais cuidados a ter com a água e alimentos, bem como, a definição de estratégias em caso de diarreia do viajante, entre outras complicações.
Para que países é necessária?
Genericamente, é recomendada na preparação de viagens com destino na América Central e do Sul, África Subsaariana e Ásia. No entanto, pode ser benéfico a viajantes para outras áreas do mundo.
Quanto tempo antes da viagem?
Deve ser realizada no intervalo de 4 a 6 semanas antes da data de partida. O cariz profilático requer a administração de vacinas e alguns outros medicamentos que necessitam de um compasso de espera até fazer efeito. Todavia, a realização da consulta é benéfica e aconselhável, independentemente do tempo que faltar para a viagem.
Que documentos levar?
É necessário que o viajante forneça os seus documentos de identificação, boletim de vacinas, informação sobre problemas de saúde e uma lista com os seus medicamentos habituais.
Que vacinas costumam ser aconselhadas?
A prescrição vacinal é individualizada ao utente e à sua viagem. O leque de vacinas que podem ser propostas é vasto e tem como finalidade a prevenção de doenças transmitidas por distintas vias. Designadamente:
- Doenças transmitidas por alimentos: hepatite A, febre tifoide, cólera e poliomielite.
- Doenças transmitidas por vetores/mosquitos: febre amarela, encefalite japonesa e encefalite da carraça.
- Doenças transmitidas por animais: raiva.
- Doenças transmitidas pessoa-a-pessoa: meningite meningocócica pelos serogrupos ACWY.
Esta consulta garante a oportunidade de atualização das vacinas do programa nacional de vacinação, uma vez que muitas destas doenças circulam noutros países. Associado a determinadas atividades, existe um maior risco e menor acesso a cuidados de saúde, em caso de doença, como o tétano ou difteria.
Existem vacinas obrigatórias?
Alguns países não autorizam a entrada, no seu território, sem o comprovativo de vacinação contra determinadas doenças, poderá ser o caso da vacina contra a febre amarela. A particularidade do destino pode implicar vacinas específicas, como, a vacina contra a meningococemia ACWY ou poliomielite.
Como prevenir a malária e outras doenças transmitidas pela picada de insetos?
Doenças infeciosas potencialmente graves como a Malária, a Febre amarela, a Encefalite Japonesa, o Dengue, o Zika e o Chickungunya são transmitidos pela picada de mosquitos. Para algumas destas doenças podem ser prescritas medicações preventivas ou vacinação. No entanto, independentemente dessas medidas, devem ser adotados alguns cuidados físicos para a prevenção da picada que incluem, entre outras medidas, a utilização de repelentes e redes mosquiteiras.
Que cuidados adotar em relação aos alimentos ou no caso de diarreia do viajante?
As infeções gastrointestinais revelam-se as doenças mais frequentes em contexto de viagem. Atuar na prevenção significa respeitar o príncipio: “boil it, cook it, peel it… or forget it”. Recomenda-se a opção de alimentos cozinhados, embalados ou que se possam descascar e evitar alimentos crus. Em contexto de consulta, é habitual efetuar um plano de medicação para o utente recorrer, se contrair uma diarreia do viajante.
Que cuidados ter relativamente à COVID-19?
Dependendo do destino, podemos encontrar restrições às viagens e requisitos para realização do teste de rastreio ao SARS CoV-2. Os cuidados de transmissão e orientação específicas são discutidos no âmbito da consulta.
Outros riscos/cuidados
Geralmente, procura-se que o viajante seja aconselhado sobre composição do estojo médico. Poderá manifestar-se pertinente a abordagem de outras questões ou riscos para a saúde, designadamente, outras doenças (trombose venosa profunda, doença da altitude, mergulho, mordeduras de animais/raiva, infeções de transmissão sexual) e recomendações gerais de cuidados com o sol e seguros de viagem.
O que fazer se ficar doente durante ou após a viagem?
Deve consultar um médico especialista ou atendimento urgente após a viagem. Se ficar com febre e/ou outros sintomas durante a viagem ou após o regresso (até 1 ano), deve fazê-lo imediatamente, devendo referir sempre que viajou para determinado destino, que poderá auxiliar as suspeitas diagnósticas e o respetivo tratamento. Apela-se à especial atenção, se a viagem ocorreu numa zona de risco de Malária. Esta doença (paludismo) manifesta-se com febre, geralmente intermitente, arrepios, suores, dores de corpo, dores de cabeça, diarreia, náuseas e vómitos. A evolução pode ser rápida e provocar a morte se não for tratada atempadamente.
A consulta do viajante é uma consulta individualizada que deve ser realizada por médico com competência na área.
A existência de surtos implica atualização contínua e mudanças de estratégias preventivas de acordo com o seu surgimento, como é atualmente o caso da COVID-19.
É, portanto, uma área da medicina dinâmica e que implica individualização a cada viajante e características da sua viagem.
Artigo redigido pela Dra. Maria João Gonçalves, especialista em Infeciologia e Consulta do Viajante do Hospital de São Francisco do Porto
Leave a reply