Cancro de pele: uma realidade do século XXI
A incidência dos vários tipos de cancro de pele tem vindo a aumentar significativamente.
A Dra. Catarina Queirós, especialista em Dermatologia do Hospital de São Francisco do Porto, alerta para as principais medidas de prevenção desta doença.
Nas últimas décadas, a incidência dos vários tipos de cancro de pele tem vindo a aumentar significativamente, com estudos recentes a estimar que 1 em cada 3 cancros diagnosticados hoje em dia tem origem na pele. De um modo geral, existem 3 tipos fundamentais de cancro de pele: o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular, responsáveis em conjunto por cerca de 90% dos cancros de pele, e o melanoma, responsável pelos restantes 10%.
O carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular afetam habitualmente áreas cronicamente expostas à radiação solar, como a face, pescoço e antebraços. O maior fator de risco para o desenvolvimento destes dois tipos de cancro de pele é a exposição crónica e repetida à luz solar, sendo estes tumores habitualmente observados em indivíduos com mais de 50 anos, muitas vezes com história de atividade profissional ou recreacional no exterior. A mortalidade por estes tipos de cancro é geralmente baixa, principalmente se o seu diagnóstico e tratamento forem efetuados precocemente.
O melanoma, por sua vez, está mais associado a uma exposição solar intermitente mas intensa, como ocorre frequentemente durante períodos de férias. A ocorrência de queimaduras solares parece ser um dos fatores de risco mais importantes para este tipo de cancro de pele, o que explica, de certa forma, o aumento do número de melanomas em idades jovens. Por outro lado, características como uma pele clara e olhos claros ou a presença de múltiplos nevos melanocíticos (os vulgares “sinais”) são igualmente fatores de risco para este tipo de cancro. Apesar de menos frequente, o melanoma é, dos 3, o mais grave, associando-se a mais de 60% das mortes por cancro de pele, principalmente quando diagnosticado em fases mais avançadas.
Atendendo a que a exposição à radiação ultravioleta é um dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento do cancro de pele, é fundamental a adoção de medidas de proteção adequada. Assim, é aconselhável que se evite a exposição solar entre as 11h00 e as 16h00 e que se aplique um protetor solar adequado nas zonas de pele exposta (aplicação esta que deve ser reforçada regularmente). Para além destas medidas, a utilização de um chapéu de abas largas e de vestuário protetor devem também ser considerados. A utilização de solários é desaconselhada pelo risco demonstrado que estes representam.
Sendo o órgão mais acessível do corpo humano, a pele pode ser facilmente avaliada por cada um de nós, naquilo que se designa por “autoexame”. Esta observação, se realizada com alguma frequência, permite a deteção de alterações em lesões pré-existentes ou a identificação de novas lesões eventualmente suspeitas, situações essas que devem motivar uma observação médica. Na consulta de Dermatologia, o diagnóstico de cancro de pele é geralmente clínico, ajudado pela observação com recurso a dermatoscópio. Em alguns casos poderá ser necessária a realização de outros exames, como por exemplo uma biópsia cutânea.
Importa ter em atenção que, se detetados precocemente, a maioria dos cancros de pele são curáveis, habitualmente através de cirurgia. O mesmo poderá não se verificar no caso de tumores mais avançados, em que poderão ser necessários outros tratamentos como a quimioterapia ou radioterapia. Assim sendo, é da maior importância e interesse para o doente que o diagnóstico de cancro de pele seja feito em fases iniciais. Para isso, lembre-se de examinar regularmente a sua pele. E porque a adoção de medidas de prevenção na idade adulta não apaga a exposição solar passada, não se esqueça de consultar frequentemente um Dermatologista.
Artigo redigido pela Dra. Catarina Queirós,
Especialista em Dermatologia do Hospital de São Francisco do Porto
Leave a reply