O que é a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica?

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é caracterizada por uma obstrução das vias aéreas, associada a uma resposta inflamatória do aparelho respiratório secundária à exposição a partículas e gases nóxicos. É atualmente a quarta causa de morte a nível mundial e em Portugal, os estudos indicam uma prevalência de 14,2% na população com mais de 45 anos, o que sugere a existência provável de 800 mil portugueses com DPOC. O diagnóstico é realizado através de uma espirometria, um exame simples que mede o fluxo de ar nos pulmões.

O principal fator desencadeante da DPOC é o fumo de tabaco, tanto para fumadores ativos, como para os passivos. No entanto, a exposição à poluição atmosférica e exposição laboral a poeiras, produtos químicos e/ou gases são também fatores causais. Uma percentagem reduzida de casos é desencadeada por um problema hereditário raro, a deficiência de alfa 1 antitripsina. Assim sendo, será importante estar alerta para as patologias familiares.

Os sintomas da DPOC são muitas vezes desvalorizados e aceites como uma consequência natural do tabagismo ou do envelhecimento e consequente fragilidade o que atrasa o diagnóstico e respetivo tratamento. Os sintomas surgem lentamente e o agravamento é gradual e progressivo, sobretudo nos doentes que mantém exposição aos fatores de risco. Os sintomas mais frequentes são:

  • Tosse crónica;
  • Expetoração (escarro ou catarro);
  • Pieira (chiadeira, “gatinhos”, ruído respiratório);
  • Limitação para o exercício físico;
  • Dispneia (falta de ar, dificuldade em respirar) durante o esforço (por exemplo, ao subir escadas);
  • Dificuldade na realização de tarefas diárias habituais (como vestir-se ou tomar banho);
  • Cansaço.

A presença dos seguintes fatores deverá potenciar a procura de um médico de Pneumologia, Medicina Interna ou Medicina Geral e Familiar:

  • Sintomas respiratórios crónicos e progressivos, como a tosse, a expetoração e a falta de ar;
  •  Exposição a fatores de risco, como o tabaco, poeiras e gases inalados;
  • Obstrução ao fluxo aéreo, demonstrada na espirométrica (FEV1/FVC – relação entre a fração de ar exalado no 1º segundo e o volume total de ar expirado inferior a 70% após broncodilatação).

A prevenção e um diagnóstico precoce são fundamentais. Além disso, a terapêutica broncodilatadora ajustada a cada estadio, o ensino da utilização dos inaladores e adequação dos mesmos a cada doente são os pilares do controlo sintomático desta patologia. A vacinação, tanto a vacina sazonal da gripe como a vacina antipneumocócica, auxiliam na prevenção das agudizações.

A doença está associada a múltiplas complicações como:

  • Exacerbações ou crises;
  • Insuficiência respiratória crónica com necessidade de uso de oxigénio e/ou ventiladores;
  • Limitação laboral e das atividades de vida diárias;
  • Morte prematura.

Esta patologia tem grande impacto nas atividades rotineiras do doente e condiciona, nomeadamente, a nível de isolamento social, degradação física e emocional, ansiedade, depressão e dependência crescente de terceiros.

Consideramos que é fundamental o reconhecimento desta patologia não só pela sua frequência como também morbilidade e mortalidade inerentes.

Artigo redigido pela Dra. Petra Monteiro,

Especialista em Medicina Interna do Hospital de São Francisco do Porto

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