Dia 13 de outubro, é o Dia Mundial da Visão.

A data é marcada anualmente, sempre na segunda quinta-feira do mês de outubro, e pretende alertar para as doenças que provocam cegueira ou baixa visão. Ainda que alguma causas de baixa visão não sejam tratáveis a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 60% das cegueiras seriam evitáveis se tivessem sido diagnosticadas e tratadas precocemente. Dados da OMS mostram que por ano cerca de meio milhão de crianças cega, e 90% destas em países em desenvolvimento como África e Ásia.
E se os traumatismos e infeções oculares são nestas crianças uma causa importante de cegueira, sabe-se também que os erros refrativos e os estrabismos não diagnosticados e não tratados têm um papel importante nestes números tão difíceis de aceitar no seculo XXI.
É durante os primeiros anos de vida que ocorre o desenvolvimento e maturação neurológica de todo o sistema visual e, por isso, nesta fase é importante que qualquer patologia existente seja corrigida.

As principais doenças diagnosticadas em crianças são:
1. O estrabismo

Defeito visual que consiste na perda de paralelismo dos olhos, de modo que cada olho foca numa direção diferente. Pode ser evidente em posição primária (olhar em frente) ou apenas em determinados movimentos oculares, bem como pode ser de grande amplitude, facilmente percebido pelos pais, ou manifestar-se apenas em situações de fadiga ocular. Nas crianças o mais importante no tratamento do estrabismo é manter a visão do olho desviado – se isto não for feito este olho torna-se preguiçoso (ambliopia estrábica).

A maneira de contrariar o estrabismo é obrigar o olho desviado a fixar; isto consegue-se por oclusão do olho fixador com pensos próprios para estrabismo, autoadesivos hipoalergénicos e coloridos para tornar mais fácil a adesão ao tratamento. Assim, durante um certo período de tempo, a criança é impedida de ver com o olho alinhado para que o outro olho possa ser estimulado e não perca visão.

Este tratamento só é possível ser feito em crianças. Nos adolescentes e nos adultos já não funciona. Por isso, é muito importante que todas as crianças façam um exame oftalmológico quando há suspeita de estrabismo.

A resolução do desvio passa quase sempre pela cirurgia, esta pode ser feita em qualquer idade geralmente com bons resultados estéticos.
A cirurgia consiste no realinhamento muscular através do reforço ou enfraquecimento dos músculos que não estão a funcionar devidamente. Habitualmente é feita com anestesia geral e um dia de internamento, com a aplicação de colírio de antibiótico e de anti-inflamatório nos quinze dias seguintes.

2. Erros refrativos

Ocorrem quando a imagem não foca na retina e é percebida como desfocada. Os erros refrativos são, tal como no adulto, a miopia, a hipermetropia e o astigmatismo. 
É importante a sua deteção precoce na criança porque a baixa visão de um ou ambos os olhos por uma falta de estímulo visual correto durante o período de desenvolvimento visual pode provocar ambliopia.
A ambliopia conhecida como “olho preguiçoso” é uma patologia que se origina na infância, mas que, se não for diagnosticada e tratada precocemente, levará a uma perda da acuidade visual que se manterá em toda a idade adulta. 

3. Traumatismos | Infeções oculares | Doenças sistémicas

Nestes contextos é fundamental a articulação da equipa Pediatra / Oftalmologista.

As consultas de oftalmologia recomendadas em crianças são:

Nascimento3-4 anos4-10 anosApós 10 anos
Descartar anomalias congénitas: 
·  Glaucoma congénito;
·  Catarata congénita;
·  Malformações;
·  Tumores;
·  Estrabismo congénito;
·  Ptose congénita.  
·  Primeira exploração ocular completa
·  Acuidade visual (detectar olho preguiçoso)
·  Movimentos oculares (estrabismo)
·  Observação do Fundo de olho
Revisão AnualA cada dois anos

Dra. Rosário Varandas

Oftalmologista do Hospital de São Francisco do Porto

 

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