Doença de Alzheimer

O Dia Mundial da Doença de Alzheimer celebra-se a 21 de setembro. A Prof. Doutora Maria José Sá, neurologista do Hospital da Venerável Ordem Terceira de São Francisco do Porto esclarece todas as dúvidas acerca da realidade da doença.

Descrita há mais de 100 anos pelo médico alemão que lhe deu o nome, a doença de Alzheimer é a causa mais frequente de demência e também a doença neurodegenerativa mais frequente.
De causa desconhecida, a idade avançada é o principal fator de risco, existindo também uma predisposição genética e diversos fatores ambientais, como a hipertensão arterial, a obesidade, a dislipidemia e o baixo nível educacional. Pelo contrário, alto nível educacional e prática de exercício físico regular têm sido apontados como conferindo alguma proteção contra a doença.

O aumento do número de casos de doença de Alzheimer em todo o mundo é assustador, que se tem atribuído ao aumento da esperança média de vida da população. Raras são as pessoas que não têm, ou nunca tiveram, um familiar ou alguém conhecido com doença de Alzheimer.


Clinicamente, a manifestação inicial que sobressai é a alteração insidiosa e progressiva da memória, sobretudo para factos mais recentes, tornando os doentes repetitivos, esquecendo-se das conversas e de onde guardaram objetos. Com o avançar da doença, a memória para factos mais antigos também é afetada e muitas outras alterações das funções cognitivas vão surgindo: discurso mais pobre, dificuldade em reconhecer objetos e faces familiares, alterações visuo-espaciais que levam os doentes a perderem-se (em casa, na rua), perturbação do cálculo (ex. lidar com o dinheiro), comprometimento da realização de tarefas vulgares, por exemplo vestir a roupa, dificuldade em tarefas mais complexas, que exijam planeamento, como cozinhar. Somam-se depois sintomas neuropsiquiátricos, como apatia, depressão, ansiedade, agitação, agressividade, perturbações do sono e até psicose.

A doença de Alzheimer é uma doença progressiva e sem cura, todavia há medicamentos capazes de atrasar e modificar o seu curso, sobretudo se utilizados nas fases iniciais. Os doentes beneficiam ainda de muitos medicamentos capazes de controlar os sintomas e de melhorar a sua qualidade de vida, como a depressão, as alterações do comportamento, as perturbações do sono, entre outros. Acresce o benefício da estimulação cognitiva e do exercício físico, que podem e devem começar em casa e prosseguir em Centros de Dia para maior contacto social.


Finalmente realça-se o papel absolutamente fulcral da família e dos cuidadores na definição da estratégia de inserção e no apoio direto aos doentes, determinante para todos os envolvidos, sobretudo quando surge a perda de autonomia, a dependência de terceiros e a chocante perda de reconhecimento dos familiares.


Artigo redigido pela Prof. Dra. Maria José Sá,

Neurologista do Hospital de São Francisco do Porto

Leave a reply