Está desgastado de cuidar do seu familiar dependente?

Como lidar com o desgaste de cuidar do seu familiar dependente? A Enf. Adriana Helena do Hospital de São Francisco do Porto alerta-o para a importância do descanso dos cuidadores familiares.

O envelhecimento populacional e a prevalência de doenças crónicas são uma realidade muito atual, sendo uma das suas principais consequências o aumento das pessoas em situação de dependência exigindo, desta forma, competências das famílias para lidarem com os novos desafios decorrentes da necessidade de cuidar dos seus membros dependentes.


A família, muitas vezes, assume o papel de prestadora de cuidados e é motivada pela vontade de criar as condições necessárias que proporcionem a dignidade, bem-estar e melhoria da qualidade de vida do seu familiar. Desta forma, o cuidador informal assume uma missão com vista a assegurar a felicidade e bom cuidado do seu familiar, sendo esta uma verdadeira expressão de amor e afeto. Contudo, é indiscutível que esta tarefa de cuidar é exigente, podendo ter vários impactos negativos. A prestação de cuidados de modo prolongado pode acarretar impacto na família, nomeadamente no seu cuidador principal, podendo revelar-se uma experiência física e emocional desgastante à medida que aumenta o grau de dependência do familiar dependente.


Os sentimentos de preocupação e insegurança são bastante frequentes, uma vez que os familiares cuidadores podem não se sentir preparados para dar resposta às necessidades da pessoa em situação de dependência. O medo, a vulnerabilidade e a complexidade do papel que exercem desencadeiam constantemente dúvidas e inseguranças que são geradoras de stress e de uma sobrecarga no exercício do papel de familiar cuidador.


Cuidar de alguém pode ser desgastante e cansativo, tanto física como emocionalmente. Muitos familiares sentem-se completamente absorvidos por esta experiência e acabam por não ter tempo para se dedicarem a eles mesmos. Sentem que têm de aprender a prestar cuidados de saúde, que têm de adaptar-se à situação de dependência do familiar em causa, que têm de conseguir, independentemente de tudo, superar as dificuldades e fazer integrar estas atividades de cuidar como parte do seu quotidiano e, para além disso, sentem que têm de abdicar do tempo que dedicavam a si mesmos, acabando por se isolar socialmente. De certa forma, o que se verifica é que o cuidador passa a viver em função das necessidades da pessoa dependente, o que pode levar ao isolamento social, conflitos laborais, conflitos familiares, sintomas de depressão e de ansiedade. Neste sentido, é fundamental contrariar esta tendência natural de que, para se cuidar de alguém, terá de se isolar socialmente. O importante é reconhecer que, para dar o melhor de si a alguém, em primeiro lugar terá de pensar em si e no seu bem-estar. Terá de se sentir bem física e emocionalmente para conseguir prestar os melhores cuidados ao seu familiar dependente, sem sentir que isto seja uma obrigação ou mais uma sobrecarga no seu dia-a-dia.

É importante reconhecer quando está a atingir o seu limite e precisa de pedir ajuda. Cada vez mais, existem diversos apoios para dar resposta às necessidades do cuidador principal.
A VOTSFP disponibiliza de uma equipa de medicina interna e de enfermagem que o poderão ajudar nos momentos mais difíceis. Não tenha receio de admitir que está cansado. Não é por pedir ajuda que deixa de ser menos bom ou de gostar menos do seu familiar dependente. Nós estamos aqui para o ajudar a cuidar: de si e dos seus!

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